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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Celulite, esse mito besta...

                Gurias, deem uma olhada nesse texto da Marília Coutinho. Simplesmente fantástico, ela desmitifica um pouco as questões estéticas da industria da beleza. Quem tiver interesse recomendo ler o resto da serie açougue, que ela publicou. Um texto melhor que o outro e nos fazem refletir muitas questões. Bjos
“Minha bunda é horrível, cheia de celulite”
Você já teve micose? Gastrite? Laringite? Otite? Conhece alguém com diabete? Artrite? Artrose? Os sufixos “ose” e “(vogal)te” são utilizados no jargão técnico das ciências médicas para designar patologias ou morbidades. Infecções e inflamações. Doenças. Desordens.
Em 1978, Nürnberger e Müller publicaram um artigo intitulado “A assim chamada celulite: uma doença inventada” (Nürnberger & Müller 1978). Tentemos evitar o labirinto epistemológico segundo o qual toda a descoberta é ou contém uma invenção. Neste caso, “invenção” se refere a ficção: uma doença que não existe.
Pois é, celulite é uma não-doença com nome de doença, que atrai bilhões de dólares para seu “tratamento”. O termo nem existia até 1920 e começou de fato a ser usado no final dos anos 1960. A partir daí, a celulite ganhou a mídia, a atenção da medicina estética e o imaginário aterrorizado de bilhões de mulheres adultas.
Celulite é uma condição normal de quase toda mulher pós-púbere. Ocorre em todas as etnias, em mulheres magras e gordas, altas e magras e de qualquer idade adulta. Trata-se de uma herniação da gordura subcutânea pelo tecido conectivo fibroso, formando ondulações visíveis. Suas “causas” são tão relevantes como as “causas” do crescimento do cabelo. Em geral, consideramos racional buscar as causas para o não-crescimento do cabelo, isso sim inesperado em condições saudáveis. Ou para a não-transparência da unha, ou para a não-ocorrência de cílios nos olhos. A busca de “causas” para a celulite não é impulsionada por questões do reino das ciências da saúde. É exibida assim para o público num recurso retórico persuasivo para o que de fato é pesquisa industrial do ramo da cosmética e medicina estética. “R&D” (research and development, pesquisa e desenvolvimento) de um segmento que já lucra muito, mas lucra mais ainda se der uma aura de legitimidade clínica à sua pesquisa e produtos: “a cura da celulite” (Barclay 2008).
Claro que ajuda muito se as supostas vítimas da não-doença forem levadas ao desespero e, mais ainda, se forem levadas a considerar sua condição uma doença merecedora de cura. O coquetel está feito: a mulher não apenas é feia por ter celulite, mas é também doente.
A construção da celulite como feiúra tem uma certa relação com a bonequinha que eu propus que a leitora tentasse colocar de pé. Ela não tem celulite (e também não fica em pé). Superfícies plásticas são assim. Pele de mulher não: tem celulite. Praticamente toda mulher. Só isso já deveria ser evidência suficiente de que algo de podre no reino da formolatria está por baixo dessa feiúra (Kite 2013, Merkin 2007).
Assim, sua bunda com celulite não tem nada de feia. Ela é uma bunda saudável como praticamente todas as demais bundas de todas as mulheres e de um certo número de homens também. Feia é a mentira criada pelo marketing formolátrico que abusa de mulheres indefesas contra este bombardeio ideológico munido de bundas fotografadas e photoshopadas para que você acredite que o saudável é o plástico.

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Compromisso Pessoal

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